A Peste Negra, que também é conhecida como Peste Bubônica, começou provavelmente na China no século 14. Mas logo se espalhou por toda a Ásia Central (via Rota da Seda) até chegar à cidade de Constantinopla, então capital do Império Bizantino.
De Constantinopla a peste chegou à Europa por meio de navios italianos que transportavam produtos orientais até o continente. Como as condições de higiene na Europa eram muito precárias – o pessoal não era muito chegado em banho – a peste logo se espalhou, gerando grande pânico.
Curiosamente a palavra “peste” tem origem no latim e significa “doença”.
Entretanto, o nome da enfermidade faz referência a sua manifestação mais comum que é a formação de bubões (inchaços) negros na pele dos infectados. Além dos bubões, o doente também sofria com febre alta, dores de cabeça e vômitos.
A Peste foi tão terrível que os infectados morriam entre 2 a 5 dias. Ao ponto de alguns vilarejos não darem conta de enterrar todos os mortos. Por isso, cavavam valas comuns, onde os defuntos eram depositados.
A oração - em latim:
“De fame, impidemia et bello libera nos, Domine!”
Que traduzindo seria algo como “Da fome, da epidemia e da guerra, livra-nos, Senhor!”. Simboliza muito bem como a peste era encarada. Como inicialmente não se sabia a exata causa da doença. Acreditava-se que a peste era um castigo de divino aos pecadores.
Mas nem todos concordavam como isso, e preferiam culpar grupos de minorias sociais como os sendo os culpados pela doença. Em decorrência disso, supostas “bruxas”, leprosos, forasteiros e judeus acabaram sendo perseguidos e, alguns casos, ocorrendo linchamentos públicos de pessoas acusadas de causar a peste.
Parecia um filme de terror...
Mas nem tudo estava perdido.
A Peste era transmitida pela picada da pulga do rato. Assim, nos locais infectados, formam-se os famigerados Bubões negros.
Como as condições de higiene eram muito precárias... nas cidades e nos feudos existiam milhares de ratos. Por isso, nestes lugares, a peste encontrou um fértil terreno para se proliferar.
A Peste Bubônica provocou a morte de mais de 25 milhões de pessoas, somente contabilizando a Europa. Mas estes números não são precisos, já que alguns historiadores afirmam que os mortos podem ter atingido a marca dos 75 milhões (quase metade da população europeia na época).
Como consequência, muitos feudos e vilarejos medievais simplesmente desapareceram ou foram abandonados.
Para piorar houve uma grande fome em toda o continente europeu ocasionado pela diminuição da produção agrícola. Afinal, faltavam pessoas até mesmo para trabalhar nos campos.
Mesmo com toda esta devastação, existiram algumas exceções, lugares onde a Peste não alcançou êxito. Como foi o caso das cidades de Milão, na Itália, e Nuremberg, na Alemanha, onde a Peste foi controlada, causando um baixo número mortes. O motivo do sucesso destas cidades estava numa rígida política de saúde pública, com limpeza das ruas, remoção do lixo e o isolamento dos doentes. Atitudes simples, mas que não eram comuns na época.
Com a descoberta do causador da doença, a peste acabou sendo controlada.
Porém, suas consequências foram sentidas durante muito tempo.
A Lenda do Flautista de Hamelin
No século XIV era muito comum a pouca higiene nas cidades europeias. Restos de comida eram deixados no chão ou simplesmente jogados pela janela. Essa situação atraia a presença de vários animais peçonhentos, principalmente ratos. Esses animais eram atraídos pela comida fácil. Contudo, a presença destas criaturas representava um perigo à saúde pública, especialmente com o surgimento da Peste Bubônica. Devido a isso, os ratos passaram a ser alvo da perseguição humana.
Desta época nasceu um importante conto medieval chamado “O Flautista de Hamelin”. Alguns especialistas dizem que o conto foi inspirado em fatos reais.
Diz a lenda que no ano de 1282, a cidade de Hamelin, localizada onde hoje é a Alemanha, estava sofrendo com uma infestação de ratos. A situação era tão grave que o prefeito da cidade promoveu um concurso cujo objetivo era exterminar os ratos da cidade. O prêmio era uma moeda de ouro por cada cabeça de rato morto. Apesar do significativo número de ratos abatidos, eles ainda continuavam a representar uma ameaça à cidade.
A situação parecia não ter uma solução, mas um dia, chegou à cidade um homem que alegava ser um caçador de ratos. Esperançoso o prefeito prometeu ao caçador o prêmio – uma moeda de ouro pela cabeça de cada rato capturado. O homem aceitou a proposta, pegou sua flauta mágica e saiu pela cidade tocando. Todos estranharam, mas logo se percebeu que os ratos, hipnotizados, seguiam o flautista. Ao chegar no rio Weser, os ratos se precipitaram no rio, morrendo afogados.
Apesar do flautista obter sucesso. O prefeito da cidade não cumpriu com a promessa feita, recusou-se a pagar o que devia ao caçador. A alegação era de que ele não havia apresentado as cabeças dos ratos mortos.
Com isso, o homem deixou a cidade, mas retornou algumas semanas depois e, enquanto os habitantes dormiam, tocou novamente sua flauta mágica. Atraindo, desta vez, todas as crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e meninas seguiram o flautista para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e trancados em uma caverna.
Desesperados os moradores resolveram pagar o que deviam ao caçador de ratos. Com as centenas de moedas nas mãos, o flautista devolveu à cidade suas crianças.