Rollerball
(EUA, 1975) é um clássico do cinema.
O filme, uma ficção científica,
se passa em 2018, um futuro hoje não
tão distante, onde o mundo é controlado
por grandes corporações transnacionais.
Na verdade, no filme, o planeta não tem
mais fronteiras nacionais. A cultura é
massificada e globalizada. As corporações
controlam tudo. A participação
estatal é mínima.
As grandes empresas controlam a distribuição
de alimentos, as matérias primas, os
combustíveis e até mesmo os esportes.
Controlam o “pão e circo” dos antigos
romanos.
No filme, o “circo” é representado por
um esporte extremamente violento, o Rollerball.
Esporte que é um misto de hockey, rugby,
wrestling e luta de gladiadores. Disputado em
todo o mundo, o esporte é muito popular,
assim como seus principais jogadores.
Como não poderia ser diferente, apesar
das diferenças étnicas, a cultura
popular esta massificada. O Rollerball é
praticado em todo o mundo. Portanto os campeonatos
são mundiais. Assim, o principal time
de Rollerball, o Houston (cidade do Texas) também
possui os principais jogadores, em especial,
o maior de todos, Jonathan E (brilhantemente
interpretado por James Caan).
Como em Rollerball, a FIFA criou, em 2005, o
FIFA Club Word Cup, no Brasil conhecido como
Campeonato Mundial de Clubes da FIFA, este campeonato
tendo como participantes os campeões
de todos os continentes do planeta, que no sistema
de jogos eliminatórios, se enfrentam
até a final, quando é sagrado
o campeão do mundo de clubes.
Inicialmente este campeonato foi muito criticado,
pois clubes de pouca ou nenhuma expressão
faziam parte dele, especialmente clubes da Oceania,
África e Ásia. Porém, este
campeonato tem crescido a cada edição.
As partidas lembram os jogos do Rollerball onde
equipes “exóticas” do mundo inteiro se
enfrentavam em busca do título mundial.
A partida entre Houston e Madrid e, principalmente
entre os texanos e o time de Tóquio,
demonstram que a cultura global é a mesma.
Nos Estados Unidos, na Espanha ou no Japão
as pessoas apreciam as mesmas coisas, curtem
os mesmos esportes e idolatram os mesmos ícones,
no caso Jonathan E.
Porém, quanto mais avança o filme,
mais claro fica que as grandes corporações
não estão preocupadas com o bem
estar da população e muito menos
de seus funcionários. O esporte sofre
constantes mudanças de regras para atenderem
as exigências dos patrocinadores e para
aumentarem os índices de audiência.
Jonathan E, percebendo que as coisas não
estão indo bem. Passa a questionar as
mudanças de regras.
Em sua jornada, descobre que, na verdade, sua
popularidade esta atrapalhando os interesses
das grandes empresas para o Rollerball. Quando
Jonathan expõe as falcatruas envolvendo
o esporte, os mandatários do Rollerball
tentam calá-lo.
Sabemos que muito de podre existe do reino da
FIFA, porém ainda falta um Jonathan E
para lançar luz nesta escuridão.
Mas voltando ao Mundial de Clubes, mesmo que
este evento ainda necessite de ajustes é
nele que as mais variadas culturas futebolísticas
se enfrentam, algo que na Copa do Mundo de seleções
já não acontece há muito
tempo, pois as grandes estrelas do futebol mundial,
sejam de quais países forem, jogam em
clubes europeus, estando adaptados à
cultura futebolística deste continente.
Já no Mundial de Clubes a situação
é distinta, pois nele ainda podemos apreciar
as escolas africanas, asiáticas e sul-americanas
em sua mais perfeita manifestação.
Mas até quando a inocência e pureza
das diferentes culturas futebolísticas
estarão intactas não sabemos,
mas o Mundial de Clubes é o evento onde
elas melhor se manifestam.