É difícil para nós,
cristãos, compreender porque os justos sofrem.
Mas é fato que muitos crentes fieis tem sofrido.
Quando é feito um apelo na Igreja e o pastor
chama a frente aqueles que estão sofrendo para
que recebam oração, boa parte da congregação
vai a frente. Os motivos do sofrimento são
vários, os mais comuns são os relacionados
a problemas conjugais, problemas com os filhos, com
a saúde e problemas financeiros. Também
existem igrejas em lugares onde o Evangelho é
proibido e estas igrejas são perseguidas, e
toda uma comunidade de crentes fieis sofre. Mas por
que estes crentes têm sofrido? Porque os justos
sofrem?
É
importante antes de tudo, entender o que é
um justo. O primeiro exemplo bíblico de um
homem justo foi o do patriarca Noé, pois ele
era “homem justo, íntegro entre o povo de sua
época” (Gn 6.9a) e quando Deus falou com Noé
disse: “você é o único justo que
encontrei nesta geração” (Gn 7.1). Mas
o que definia Noé como sendo justo era que
“ele andava com Deus” (Gn 6.9b), este é o princípio
do homem justo. Para ser justo é necessário
andar com Deus e ser justificado por Ele. “Pois o
Senhor é justo, e ama a justiça; e os
retos verão a sua face” (Sl 11.7).
Portanto
somente é justo aquele que é justificado
por Deus e para isso necessita arrepender-se de seus
maus caminhos e tomar os caminhos de Deus, somente
é justo aquele que anda com Deus, pois este
é justificado por Ele. Jesus justificou a todos
na cruz, mas só os que Nele creram “Aquele
que nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes
o entregou por todos nós, como nos não
dará também com ele todas as coisas?
Quem intentará acusação contra
os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”
(Rm 8.32-33), pois “não há nenhum justo,
nem um sequer; não há ninguém
que entenda, ninguém que busque a Deus” (Rm
3.10). Somente são justos os que estão
debaixo da justificação de Deus através
do sacrifício de Jesus.
Mas
nem mesmo o justo Noé deixou de passar por
provações tremendas, imagine nos dias
de hoje Deus pedindo a um de nós que construamos
uma Arca para resistir a um dilúvio universal.
Imagine como ficou a cabeça de Noé durante
o período de construção da Arca,
as pessoas passando por perto e chamando o Noé
de louco, ou então a esposa de Noé olhando
o trabalho do marido e perguntando a ele se ele tinha
certeza do que está fazendo. Imagine os filhos
sofrendo com o julgamento e o escárnio dos
vizinhos e amigos por causa da “loucura” do pai. Mas
Noé não desistiu e teve sua família
a seu lado. Mas ao final de todo este período
de provações, Noé e sua família
foram os únicos poupados de toda a humanidade
e Deus firmou uma aliança com Noé, “Vou
estabelecer minha aliança com vocês e
com seus futuros descendentes” (Gn 9.9). Noé
venceu a tristeza e após este período
de tribulações, Noé, experimentou
a graça de Deus e sua misericórdia.
Creio
que existam duas causas de um crente sofrer. A primeira
causa é vinda do pecado, é o sofrimento
decorrente da desobediência a Deus ou em decorrência
de ações e decisões incorretas,
como por exemplo quando um crente toma uma decisão
precipitada sem consultar a Deus. Sem consultar a
Deus o crente toma decisões que vão
contra o plano de Deus para nossas vidas, iremos sofrer,
pois nossos planos irão fracassar, pois não
estamos agindo conforme a vontade do Senhor. E quando
pecamos, estamos abrindo uma brecha para que Satanás
possa agir naquela área em que estamos pecando,
e então passamos a sofrer.
A
outra forma de um justo sofrer é quando este
é provado por Deus. Quando Deus coloca o crente
num momento limite de crise, visando seu crescimento.
Para crescer, o cristão, terá de ser
provado. Esta provação pode lhe causar
um passageiro sofrimento. Porém, se o crente
hesitar ou não aceitar a prova a que esta sendo
submetido, não poderá vencê-la
e então o sofrimento se estenderá na
vida daquela pessoa até que ela compreenda
o que se passa com ela e então poderá
vencer aquela tribulação.
Sem
esquecer que o sofrimento pode vir de desobediência
ou em conseqüência do pecado, creio que
o sofrimento do justo ocorre geralmente em decorrência
de uma provação à que este está
sendo submetido por Deus. Somente sofre porque esta
sendo provado por Deus. Pois “o Senhor prova o justo”
(Sl 11.5). Pois o Senhor nos alerta: “Filho meu, não
rejeites a correção do Senhor, nem te
enojes da sua repreensão; Porque o Senhor repreende
aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem
quer bem” (Pv 3.11-12). A disciplina de Deus para
Seus filhos amados pode causar sofrimentos, pois nós,
Seus filhos, nem sempre conseguimos discernir aquilo
que é melhor para nós, mas o Senhor
sabe.
Mas
porque o Senhor prova o justo? Porque Deus nos prova?
Certa vez ouvi uma pregação em que o
pastor falava que assim como na escola ou na faculdade
nós precisamos de uma prova, algo que teste
nossas capacidades a fim de verificar se temos condições
de passar de ano, de sermos aprovados. Assim também
acontece conosco, quando Deus em Seu plano para nossas
vidas deseja que nós cresçamos espiritualmente
é necessário que sejamos provados a
fim de podermos ser aprovados. A provação
tem um caráter educativo. E esta provação
pode nos causar sofrimento. Mas o sofrimento é
uma provação e é igualmente um
meio didático que o Senhor usa na vida dos
crentes. “Porque o Senhor corrige o que ama e açoita
a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção,
Deus vos trata como filhos; porque, que filho há
a quem o pai não corrija? Mas, se estai sem
disciplina, da qual todos são feitos participantes,
sois então bastardos, e não filhos”
(Hb 12.6-8). Mas não são raras às
vezes em que o agir de Deus e a Sua direção
em nossas vidas continuará sendo um mistério
para nós, principalmente quando Ele manda sofrimento
e tristeza. Mas Deus nos revela na Epístola
aos Hebreus que “toda correção, ao presente,
não parece ser de gozo, senão de tristeza,
mas depois produz um fruto pacífico de justiça
nos exercitados por ela” (Hb 12.11).
A
História de JÓ é um exemplo típico
desta provação de Deus. JÓ era
um homem justo e temente a Deus. Porém o Senhor
permitiu que Satanás atuasse na vida de JÓ
trazendo a ele sofrimentos inacreditáveis.
Porém ao final do livro de JÓ, JÓ
diz que “Meus ouvidos já tinham ouvido a teu
respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso
menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó
e na cinza”. (JÓ 42.5-6). Ou seja, JÓ
compreendeu os motivos de seu sofrimento e pôde,
então, compreender a Deus, até aquele
momento JÓ conhecera a Deus somente pelo que
lhe haviam contado a respeito de Deus, mas agora JÓ
estava conhecendo a Deus pessoalmente e Deus o abençoou
grandemente.
Mas
Como podemos ficar consolados em tempos de angústia?
O Apóstolo Pedro nos diz que "alegrai-vos
na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos
de Cristo, para que também na revelação
de sua glória vos alegreis exultando"
(1 Pe 4.13). Em tempos de sofrimento ninguém
mais consegue ajudar aquele que sofre a não
ser o Senhor. Devemos entregar nosso sofrimento a
Deus e esperamos nEele. Paulo em sua Primeira Epístola
aos Tessalonicenses, nos diz “Regozijai-vos sempre.
Orai sem cessar. Em tudo daí graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus
para convosco” (1 Ts 5.16-18). Devemos estar atentos
para os caminhos que temos seguido e confiar em Deus
dando-lhe glória em todas as coisas e em todas
as circunstâncias. Pois Deus " lhes enxugará
dos olhos toda lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá
luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas
passaram. E aquele que está assentado no trono
disse: Eis que faço novas todas as cousas.
E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são
fiéis e verdadeiras (...) O vencedor herdará
estas cousas, e eu lhe serei Deus e ele me será
filho" (Ap 21.4-5,7).
Paulo
inspirado pelo Espírito Santo nos trás
consolo e confiança ao afirmar que "Porque
para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo
presente não são para comparar com a
glória por vir a ser revelada em nós."
(Rm 8.18). Devemos esperar em Deus e buscar a solução
para nossos sofrimentos em nosso Senhor, não
há outro a quem possamos recorrer, somente
Deus nos libertará. Temos que compreender que
se somos filhos de Deus, estamos debaixo de Sua autoridade
e devemos lhe render glórias em todas as circunstâncias
de nossas vidas, pois somente Deus pode nos ensinar
algo até naquilo que não podemos compreender.
Lembremos
que se somos justos é porque Deus nos justificou
através do sacrifício de Jesus Cristo
na cruz e que portanto estamos livres da condenação,
pois ninguém nos poderá condenar. “Que
diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por
nós, quem será contra nós? Aquele
que nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes
o entregou por todos nós, como nos não
dará também com ele todas as coisas?
Quem intentará acusação contra
os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem os condenará? Pois é Cristo quem
morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos,
o qual está à direita de Deus, e também
intercede por nós. Quem nos separará
do amor de Cristo? A tribulação, ou
a angústia, ou a perseguição,
ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como
está escrito: Por amor de ti somos entregues
à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas
para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos
mais que vencedores, por aquele que nos amou. Porque
estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as potestades, nem
o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade,
nem alguma outra criatura nos poderá separar
do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor” (Rm 8.31-39).
A
Deus toda a glória!
Citações
bíblicas das versões Almeida Revista
e Corrigida (ARC) e Nova Versão Internacional
(NVI).