Os bosques e as florestas eram locais muito perigosos.

Sala de Aula - História Medieval - Cultura e Literatura Medievais

O SOBRENATURAL NA CULTURA MEDIEVAL

Marcos Emílio Ekman Faber

Durante toda a Idade Média as populações aldeãs conviviam permanente em um estado de terror, cercados pelo medo da fome, de doenças e da guerra. A expectativa de vida era muito baixa, em torno dos 30 anos. A vida era muito difícil para a maioria dos camponeses que habitavam os feudos. Para muitos era mais importante garantir a vida após a morte do que propriamente viver a curta existência que tinham na terra.

Assim, como não poderia ser diferente, a cultura que se desenvolveu entre os camponeses estava fundamentada na religiosidade da época. O pensamento religioso impregnava todas as áreas da sociedade aldeã. E a vida cotidiana das pessoas estava rodeada de superstições.

A cultura popular que se desenvolveu na Idade Média estava repleta de superstições. As populações aldeãs enxergavam significados em tudo o que os cercavam. Assim, se um corvo sobrevoasse uma casa era sinal de mau agouro (má sorte).

Por esse motivo, as pessoas da época buscavam interpretar os sinais e significados que acreditavam existir em tudo o que os rodeava.

Devido a isso, objetos, animais, cores e até mesmo o nome das pessoas tinham seus significados interpretados. Quando alguém sonhava, ao acordar procurava-se desvendar o que simbolizava seu sonho.

Na cultura aldeã da época existiam duas forças espirituais em constante luta, uma representando o bem e outra o mal. Eram elas:

  • Deus e seus anjos: representantes do bem.
  • Lúcifer e seus demônios: representantes do mal.
A luta entre essas duas forças inevitavelmente se refletia no mundo físico, isto é, no dia-a-dia das pessoas comuns. Por isso, todo cuidado era pouco. Acreditava-se que as forças do bem e do mal estavam presentes nas vidas cotidiana das pessoas e se manifestavam através da natureza, dos objetos e de tudo o que os rodeava.

Com isso, os aldeões acreditavam que falar sobre o mal poderia ser o mesmo que invocá-lo. Falar o nome de uma doença ou peste poderia significar atraí-la. Por isso, quando falavam de uma doença, isso era feito em tom de voz muito baixo, sussurrado, para que a doença não fosse invocada.

Assim, todos tinham muito cuidado com as palavras que usavam, com a cor da roupa que vestiam e com os objetos que possuíam. Pois temiam que, mesmo sem querer, atraíssem o mal.

Qualquer descuido poderia ser fatal. Assim, as pessoas procuravam utilizar objetos protetores como crucifixos, amuletos, escapulários, ferraduras, etc. Acreditava-se que esses objetos protegeriam o usuário. Por outo lado, alguns objetos ou ações eram evitadas.

Por esse motivo, os contos de fadas, as fábulas e as lendas nascidas na cultura popular medieval estarem repletas de relatos de fantásticos, onde o sobrenatural e a magia estão sempre presentes.

Tudo isso fazia da sociedade medieval uma comunidade extremamente supersticiosa que buscava interpretar os sinais e significados das coisas que estavam ao seu redor.

Glossário
Superstição: crença infundada em certos atos ou objetos que teriam poder de atrais sorte ou azar. Crença em presságios e sinas originados por acontecimentos casuais ou coincidências.
Sobrenatural: que está fora das leis da natureza, que é extraordinário ou maravilhoso.
Cotidiano: que é comum a todos os dias. Conjunto de ações realizadas por alguém todos os dias.


Aulas em sequência:
A Cultura Medieval / O Sobrenatural na Idade Média / Os Contos de Cavaleiros / Os Jogos de Cavaleiros: a Justa e os Combates / Os Contos de Fadas Originais / Os Jogos de Mesa: Tabuleiros, Dados e Cartas

Textos de Apoio (formato PDF):
O Flautista de Hamelim / Códigos de Lei: Comparação e Evolução ao Longo dos Tempos / A Pré-História Lendária da Vila Anair

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Médico medieval utilizando máscara protetora contra a Peste Bubônica. A Peste dizimou a vida de quase metade da população europeia da época.
Os bosques eram locais perigosos. Os lobos representavam um grande perigo aos aldeões e aos rebanhos.

Trailer de A Garota da Capa Vermelha (EUA/Canadá, 2011) uma atualíssima releitura de Chapeuzinho Vermelho (1:15).
 
Imagem de cavaleiro capturando uma mulher. Imagem da Graphic Novel Companheiros do Crepúsculo.
Cuidado com o lobo! Chapeuzinho Vermelho em clássica gravura do século XVIII.
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