A Política Externa Independente (PEI) foi, como sugere o nome, uma política externa, adotada pelo governo brasileiro durante a Guerra Fria (1947-1991), que buscava dar autonomia ao país frente aos blocos econômicos da época. Lembrem-se que durante a Guerra Fria existiam dois blocos econômicos: Capitalistas (liderados pelos Estados Unidos) e Comunistas (liderados pela União Soviética). Sendo assim, Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) disputavam zonas de influência econômica entre os países que não eram membros de nenhum dos dois blocos.
Na América Latina, a grande maioria dos países alinhavam-se automaticamente aos Estados Unidos, o que lhes obrigava a seguir as medidas externas que esta nação determinava.
Porém, no Brasil, o governo Getúlio Vargas (1951-1954) criou uma política externa ao qual chamou de Barganha Nacionalista-Pragmática. Essa barganha visava redefinir os laços de dependência com os EUA, de forma a obter apoio ao desenvolvimento industrial brasileiro. Porém, a falta de uma resposta positiva por parte dos Estados Unidos convenceu lideranças brasileiras da época da necessidade de ampliar os laços internacionais do Brasil. Fazia-se necessário atuar num plano mundial, escapando à dependência estadunidense. O que também permitia a ampliação da própria barganha com esse país.
Mas quando Jânio Quadros assumiu a presidência do Brasil em 1961, adotou uma nova política externa, a PEI (Política Externa Independente).
As principais definições desta política externa eram: Desarmamento das nações; Luta pela paz mundial; Autodeterminação dos povos (inclusive defendendo a não intervenção em outras nações); Ampliação do mercado externo brasileiro (tanto com capitalistas quanto com comunistas); Apoio à descolonização de países africanos.
A Política Externa Independente garantia ao Brasil poder de barganha com os dois blocos, pois possibilitava ao país negociar tanto com países capitalistas quanto com países comunistas. Por esse motivo, durante o governo Jânio Quadros, o Brasil manteve aberto o diálogo com os Estados Unidos, mas iniciou uma série de medidas de aproximação com Cuba (Che Guevara foi recebido em Brasília, onde foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul), com a China (quando Jânio renunciou à presidência, seu vice, João Goulart, estava em visita diplomática a esse país) e com a União Soviética.
Após a renúncia de Jânio, João Goulart manteve a PEI na ativa. E, mesmo após o Golpe Civil-Militar de 1964, a Política Externa Independente manteve-se como a principal política externa do país.
Quando foi empossado presidente em 2002, o presidente Luís Inácio Lula da Silva iniciou uma série de políticas externas que se assemelhavam a PEI. Por exemplo, a aproximação do país com os vizinhos Venezuela e Bolívia, assim como os acordos econômicos com a China e o Irã. Porém, sem deixar de ter íntimas relações com os Estados Unidos e a União Europeia. Medidas, aliás, que a presidenta Dilma parece inclinada a manter.