Passada
uma semana da estreia, Tropa de Elite 2 já
arrastou milhares de pessoas aos cinemas do Brasil,
é um fenômeno. Quarta-feira passada
(13.10) fui ao cinema com minha esposa para assistir
o filme, das 5 salas, 4 estavam passando o longa-metragem.
Pretendíamos assistir a sessão das
20h, estava lotada, tentamos a das 21h, lotada,
somente conseguimos ingresso para a sessão
das 22h, saímos do cinema depois da meia-noite.
Confesso que o inicio do filme
me preocupou um pouco. A narração
em off do capitão Nascimento (Wagner
Moura) fazendo pouco do intelectual Fraga (Irandir
Santos), professor de História defensor
dos Direitos Humanos. Pensei “Puxa o filme é
mais fascista que o primeiro”, porém
com o desenrolar do filme, do qual não
entrarei em detalhes (vá ver o filme),
a situação mudou.
Do ponto de vista comportamental
(não econômico), capitão
Nascimento é um conservador, já
o professor Fraga, um liberal. Do ponto de vista
político-ideológico, um está
na direita e o outro na esquerda. Em meio à
sujeira e a corrupção carioca,
o caminho de ambos se cruza, pois os dois possuem
algo que os aproxima, o caráter.
Assim como o filme analisa
a sociedade como portadora de posições
ideológicas antagônicas, o PSol
também. Porém, entendo a posição
ideológica do partido, não tem
como separar política, economia e ideologia.
Essas três caminham juntas. Um político
ligado a um partido neoliberal, não tem
como afirmar que suas prioridades são
sociais. Por outro lado, um partido de orientação
socialista, tem obrigações sociais
impressas na vida de seus membros, já
que estes obrigatoriamente fazem parte de sindicatos,
ONGs e outras instituições de
cunho social.
O que não entendo no
caso do PSol é o motivo de, no Rio Grande
do Sul, somente um nome forte ter concorrido
à Câmara Federal nestas eleições,
no caso Luciana Genro. Se Pedro Ruas tivesse
concorrido junto, teriam se elegido os dois.
Como somente a Luciana concorreu, apesar de
seus mais de 150 mil votos (teve deputado eleito
com 28 mil), não se reelegeu. Assim,
duas fortes personalidades da política
gaúcha estão fora do Planalto,
pessoas de excelente caráter.
O subtítulo de Tropa
de Elite 2 “Agora o inimigo é Outro”,
dá pistas das mudanças em relação
ao primeiro filme. Saem de cena os traficantes
para entram os políticos corruptos, esses,
assim como os primeiros, homens de mau caráter.
Mas como uma diferença importante: foram
eleitos pela população carioca.
Na visão do filme (talvez
do diretor José Padilha), a política
é suja e político é tudo
corrupto. Se no primeiro filme bandido bom é
bandido morto, neste o pau é nos políticos.
Assim, o ápice do filme acontece quando
o capitão Nascimento dá uma surra
no secretário de segurança corrupto
(no cinema, a plateia vibrou como se vibra gol
em decisão).
Mas será que todo político
é assim?
Não acredito! E não
aceito que o povo brasileiro pense assim, perdendo
a esperança com a política. Pois
sem política não existe sociedade,
não existe Estado.
O que fazer? Votar!
Votar em pessoas que nos representem.
Pessoas que façam parte da mesma classe
social ou trabalhista que nós. Pessoas
que não preguem o individualismo, mas
o bem coletivo. Pessoas de bom caráter.
Somente assim, teremos como
vomitar a politicagem, as armações
e a corrupção do seio de nossa
sociedade.
Mas temos que começar
por algum lugar!
Que tal por nós mesmos?
Que tal revermos nosso caráter, afinal
somos diferentes. Certo?