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TEORIAS DO FUTEBOL (1): O NASCIMENTO DA CIVILIZAÇÃO E A FUNÇÃO DO FUTEBOL EM NOSSA SOCIEDADE

Marcos Emílio Ekman Faber
Porto Alegre, 27 de abril de 2011.

No inicio, o ser humano se organizava em tribos patriarcais e nômades. Os homens eram caçadores e guerreiros, já as mulheres eram coletoras e responsáveis pela criação dos filhos. Mas, como tudo na vida, ocorreram algumas transformações importantes. A principal, sem dúvida, foi o desenvolvimento da agricultura. A agricultura foi essencial para que se produzissem alimentos em quantidade suficiente para alimentar a todos. Com a agricultura surgiu a necessidade de organizar a sociedade. Nascia, assim, a civilização.

A civilização surgiu originalmente na Mesopotâmia, há aproximadamente 5 mil anos atrás. Conforme foi se desenvolvendo, a civilização foi pouco a pouco retirando dos homens aquilo que fazia deles homens. Se no inicio o homem vivia livre pelas estepes caçando e colhendo frutos, com o tempo passou a domesticar animais e a plantar. O desenvolvimento da pecuária e, depois, da agricultura retirou do homem o prazer da caça e da coleta, condenando-o a uma vida pacata e sedentária.

Outra coisa que se perdeu com o tempo, foi a convivência com a guerra. Não a guerra de exércitos que conhecemos hoje, mas a guerra tribal, onde cada homem da tribo era um soldado em potencial. Todo homem era um guerreiro. Hoje as guerras são televisionadas e travadas bem longe de nossas casas, os iraquianos que o digam. Mas, por mais contraditório que isso seja, nossa sociedade não convive com a paz, ao contrário, nas cidades a insegurança é cada vez maior.

Mas a verdade é que o surgimento da civilização e da sociedade pôs fim em muito do que era o homem em sua essência. A filosofia e a psicanálise nasceram daí. Da necessidade do homem se entender. Na busca por entender a si mesmo, o homem ainda não se encontrou e, certamente, trabalhar num escritório vestindo terno e gravata não irá devolver paz ao coração guerreiro de um homem.

A organização dos esportes, no final do século XIX, reacendeu a chama guerreira nos homens. Sem dúvida, dois esportes se destacam neste sentido: o rugby (pouco praticado no Brasil) e o futebol (o mais popular esporte do planeta).

Por isso, há muito tempo que o futebol deixou de ser um esporte para se tornar num palco de representações da sociedade. O futebol se tornou o momento de catarse da sociedade moderna. É no futebol que o homem extravasa colocando para fora na forma de “gritos de guerra” tudo aquilo que o sufoca. Gritar gol é mais do que comemorar o ponto marcado pelo time, é colocar para fora tudo o que amordaça o ser humano.

Segundo os mais antigos, numa excursão do time do Santos à África, uma guerra civil foi parada para que uma partida amistosa entre o clube e uma seleção local não fosse cancelada. Os grupos em disputa preferiram o futebol à guerra.

Talvez, por isso, que algumas torcidas organizadas de grandes clubes de futebol, seja no Brasil ou na Inglaterra, se comportarem de forma tribal. Onde, muitas vezes, as rivalidades ocorrem dentro de grupos diferentes de torcedores do mesmo clube. Essa irracionalidade é explicada quando compreendermos o que significa o futebol em nossos dias.

O futebol é hoje, aquilo que um dia foi o homem.

O futebol não é um esporte e muito menos uma arte, como afirmam alguns. O futebol é um campo de guerra, um moderno campo de batalha onde o homem aproxima-se daquilo que ele nunca deixou de ser: um caçador e um guerreiro

 

 
 

 

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